Está aí um país que até algum tempo atrás não estava na minha listinha, mas tenho que confessar que fiquei surpresa em encontrar tantos atrativos na Polônia e o que é melhor, a preços bem convidativos se comparados com a Europa Ocidental.
Bem, mas vamos ao que interessa. Partimos da Alemanha de carro ,atravessamos a República Tcheca em direção a Cracóvia e em 8 horas chegamos ao nosso destino.Por ser final de maio, pudemos nos dar ao luxo de não reservar hotel, no verão nem pensar.
Fundada no século VII, Cracóvia ( Kraków em polonês ) é a capital da província da Pequena Polônia. È a terceira maior cidade do país. Está situada às margens do Rio Vistula e sobre a Colina de Wawel.Ela ainda è considerada o centro cultural e artístico do país, pois durante grande parte da história ela foi capital da Polônia.
Cracóvia sobreviveu intacta à Segunda Guerra e aos horrorosos arranha-céus de influência soviética que viriam depois.
No Museu Czartoryski fica a obra mais importante do acervo polonês, o quadro ” Dama com um Armiho” de Leonardo Da Vinci, uma das três únicas pinturas a óleo do artista.
Logo de cara, fiquei encantada com o Colégio Maius, o mais antigo prédio da Universidade Jagielloniana ( não sei se está è a tradução correta ) construído no século XIV pelo Rei Casimir o Grande. Em 1400 o Rei Wladyslaw Jagiello incorporou mais prédios e este é o atual Colégio. Hoje em dia é um Museu Universitário. As salas de aula eram no térreo e a biblioteca, cantina e o alojamento dos professores no primeiro andar.
Infelizmente quado chegamos o museu já estava fechado, mas vale a pena pelo menos andar no pátio e imaginar o astronomo Copérnico atravessando aqueles corredores entre 1491 e 1495…..
O Centro Histórico é também muito lindo e me fez lembrar muito Praga ( apesar de que o centrinho de Cracóvia me pareceu mais charmoso….).
Aliás Cracóvia vem sido “vendida” como a “nova Praga”, mais uma bolada de marketing pra chamar a atenção de novos visitantes. Realmente ambas cidades tem muito em comum, mas cada uma com sua personalidade.
A Praça Central é uma das maiores da Europa, só perdendo para a Praça São Marco em Veneza.
Cracóvia só fica atrás de Roma em número de igrejas em atividade : 142 no total, sendo a Igreja de Santa Maria na Praça Central talvez a mais especial. O altar do século XV, obra-prima do período gótico feita pelo escultor Veit Stoss é rica em detalhes.
A torre à esquerda servia de posto de alerta na Idade Média e o guarda era encarregado de tocar uma trompeta quando o inimigo se aproximasse. Até o dia em que ele foi flechado no momento em que tocava. Desde então, em sua homenagem, a cada hora toca-se a trompeta da torre.
Na praça, artista de rua, vendedores de flores, cafés charmosos e restaurantes fazem a gente ficar por ali mesmo, curtindo esta atmosfera tão agradável.
Ainda há o Mercado construído na Idade Média que abriga várias lojas onde se vendem caixinhas de madeira pintadas à mão, jóias de âmbar e lembrancinhas do papa.
A maior parte das outras atrações de Cracóvia está a poucos quarteirões do centro numa área de 800 metros de largura por 1200 metros de comprimento que até o século XIX era cercada por uma muralha.
Dá pra se ter uma ótima vista da cidade subindo na torre da prefeitura bem no meio da praça Central.
Outra atração imperdível é o Castelo Wawel considerado o Palácio de Buckingham polônes.Construído em 1038 pelo rei Kasimir I. É na catedral do castelo que os grandes reis foram coroados e enterrados. Lá também estão os restos do Santo Stanislaus, santo patrono do país.
Pode-se comprar todos os tickets juntos ou separadamente como por exemplo os aposentos reais, o museu militar ou os tesouros de Wawel. Mas cuidado, tem que madrugar porque os bilhetes são contados. O ideal é chegar antes mesmo de abrir ( abre às 9 da manhã ).
Uma vez dentro da catedral, não deixe de subir na torre e dar de cara com o Sino Sigismondo de 1520. Ele pesa 11 toneladas e tem dois metros de diâmetro. Ele é tocado somente em ocasiões especiais, como por exemplo quando João Paulo II foi eleito Papa.
Durante 600 anos Wawel foi o centro do poder polônes, só em 1609 a capital foi transferida para Varsóvia.
Um pouco de conto de fadas pertence a um castelo medieval e Wawel não é excessão. É possível visitar a Caverna do Dragão ( aberta no verão ) Sua entrada é atrás dos muros do castelo do lado do rio. Diz a lenda que o dragão assustava o povo de Cracóvia, o rei então desesperado ofereceu seu reinado após sua morte e a mão de sua filha em casamento para quem matasse o dragão. Muitos princípes tentaram em vão até que um simples sapateiro preparou um carneiro assado recheado com enxofre. O dragão foi obrigado a beber metade das águas do rio Vistula para amenizar seu sofrimento até que ele explode e o sapateiro casa-se com a princesa.
Saindo do centro da Cidade Velha encontramos o bairro judeu Kazimierz .Desde que foi fundado no século XV ele era considerado uma cidade em si, separado de Cracóvia. Antes da Segunda Guerra viviam 70000 judeus, agora estima-se que há 5000. Há várias sinagogas, a mais antiga foi destruída durante a guerra e hoje já reconstruída tornou-se o Museu Judaico.
Quando Spielberg filmou ” A Lista de Schindler” em Kasimierz, ele mesmo disse na época que o cenário em várias ruas não precisaria ser mudado. É verdade que há muitas casas ainda com as marcas deste passado tão sombrio. Vale a pena andar pelas ruas deste bairro e sentar num dos charmosos restaurantes judeus na praça central,recomendo o restaurante Ariel .
Há muitos judeus que visitam Cracóvia também pela proximidade de Auschwitz ( 55 km a oeste de Cracóvia ). No Centro Velho pode-se comprar passeios de um dia inteiro para lá. Eu resolvi não ir, já conheço Dachau e acredito que em Auschwitz seja bem pior….
Uma das melhores coisas de Cracóvia é ir visitar a mina de sal de Wieliczka. Não tem nada igual, já nesta foto dá pra se ter uma idéia de quanto é diferente estar num lugar todo feito de sal, até os cristais do candelabro são de cristais salinos.
O passeio dura em média duas horas e não importa a estação do ano, lá em baixo a temperatura é de aproximadamente 15 graus. O guia explica como a extração de sal era feita há mais de 700 anos atrás. Tinha até estábulo para os cavalos que trabalhavam na extração.
Desde 1978 é considerada patrimônio histórico e natural pela Unesco. Apenas uma pequena parte da mina é aberta ao público. Há nove diferentes niveís de escavações, a rota turística vai até o nível 3 numa profundidade de 135 metros.
Na mina encontra-se um museu, várias esculturas, várias capelas ( a maior de todas está na foto acima ) e quem diria tem até um salão para casamentos :O e outras cerimônias. Além de um restaurante e várias lojinhas vendendo souviniers.
Há também um centro de reabilitação para pessoas com doenças pulmonares pois o ar é puríssimo devido à grande quantidade de minerais no ambiente.
Chegar até lá também é muito fácil. Perto do castelo Wawel tem vans a espera de turistas. O trajeto não é longo e você compra o ingresso e a passagem de ida e volta com o motorista mesmo, bem prático.